domingo, 4 de julho de 2010

Ainda sobre o capitalismo...



Eu não odeio o capitalismo. Já me acostumei. Pra falar a verdade, é impossível não se acostumar com um sistema econômico-social que se-lhe é imposto desde a nascença; é o que denomino
a maldita comodidade.
Todos sabemos das desvantagens desse sistema tão polêmico. Desde os princípio, lá na Revolução Industrial, a humanidade sofre com isso. Quem estudou história alguma vez na vida há de concordar comigo.
Acontece que fomos criados no modo capitalista. Inconsciente ou conscientemente, respiramos esse modo de vida. Faz parte dele querer crescer na vida, querer estudar pra conseguir um bom emprego, querer uma roupa bonita, uma aparência agradável. E isso não é ruim. Resumindo, o capitalismo está presente até nas moléculas que inspiramos e respiramos. Ele preza como único ideal o lucro, assim como a maioria de nós. Quem nunca ouviu alguém dizer que desisitiu daquilo que gosta muito, pra fazer aquilo que gosta um pouco menos mas que ganha muito mais? Ou quem nunca ouviu os pais de alguém falarem que tal profissão não tem futuro?
E onde eu quero chegar com isso tudo? Bom, quero chegar à esse ponto: é hipocrisia criticar o capitalismo por inteiro, sendo que vivenciamos isso. Mas é também muito ridículo dizer que assim está ótimo e que tudo está perfeito. É claro que nós queremos uma nação sem gente passando fome, sem essa desigualdade social grotesca e sem a mídia controlando boa parte da população. Por isso é preciso distinguir aquilo que é real e aquilo que é ilusão. Aquilo que vale a pena ser absorvido ou não. Por exemplo, a copa: não faz mal gostar do esporte em si, faz mal se deixar levar pela empolgação geral e pela emoção que a globo nos faz ter. O país inteiro pára pra ver uma mísera partida de futebol, mas me diz: O país inteiro pára quando algum político filho da puta rouba milhões e milhões do NOSSO dinheiro? Mas a mídia não divulga isso. Não faz inspirar o sentimento de revolta na população. É muito melhor deixar a população quietinha, calminha. O máximo que faz é exibir a notícia no Jornal Nacional, e pronto. Agora, organizar passeata de protesto? Jamais! Ainda mais que a política tá interligada com a mídia, você acha que as emissoras se importam com o dinheiro que devia ir pras escolas e pros hospitais públicos, se elas podem ganhar muito mais fazendo você gastar seu dinheiro com vuvuzelas e camisas da seleção? Há-há.
Não estou pedidindo pra você, caro interlocutor, deixar de ser um capitalista, porque por mais que você tente, nunca deixará de ser. Só peço que tente não ser alienado, que saiba que o mundo tá uma merda mesmo, e que enquando o Fulano-de-tal tá coçando o saco em um de seus apartamentos no Leblon, você, caro trabalhador, tem que pagar uma boa quantia por mês pra ter um plano de saúde razoável e uma boa escola particular. Então, lembra-se da comodidade que eu falei no início do texto? Tenha-a, mas sob medida. Não precisa rasgar suas roupas agora, quebrar sua televisão e dizer "Eu te odeio, mundo capitalista!". Viva sua vida, normalmente, mas ao menos tente não ser mais um produto perfeito dessa nação coca-cola. Tenha ao menos senso crítico com coisas maiores. Quem sabe algum dia o Brasil mude.

Mas enfim, é assim e é assim que vai ser. Os políticos roubam, a mídia ganha uma fortuna, e os brasileiros se sentem maravilhados e envolvidos com a seleção. E assim, todos saem ganhando. Ou não. :)

5 comentários:

  1. O grande problema do Capitalismo, não é a classe burguesa, e sim a classe média.
    Uma classe virtual criada pelo sistema para dar ao povo a impressão de que a classe proletária é minoria, ou nem existe.Isso é que gera esse comodismo todo, em se acostumar com a pobreza, acreditando-se estar em uma classe mediana e saber que existem pessoas em estado pior que o seu.
    Isso tira dos pobres a força de expressão. E não há mais como criar uma revolução sem pobres.
    O comunismo ainda é a solução. Só resta saber se o senso ético da sociedade tem ainda solidariedade o suficiente para aceitar a igualdade das classes.

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  2. É, tem isso que eu queria citar também. Essa pensamento de "ah, tá ruim? tudo bem, tem gente que tá pior". Isso é clássico. São valores que nos fazem acostumar com as coisas como são; pensando assim, nunca vai haver revolução, como você disse.
    Enfim, obrigada pelo comentário :)

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  3. Posso não gostar do capitalismo, mas é como você disse Camilinha, também sou apegada ao comodismo, pelo simples fato de que eu já cheguei ao ponto de sei lá.. acredito que se colocarmos outro modo de produção, vai dar na mesma merda. Mas nós podemos deixar o capitalismo menos pior, u know, tentando evitar toda a miséria, e a alienação, exigindo nossos direitos, e nos focando no que realmente importa.

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  4. "Los poderosos pueden matar una, dos, hasta tres rosas, pero ellos nunca van a parar toda la primavera"

    (Ernesto Guevara)

    Ainda acredito na revolução, mas uma revolução de valores. A sociedade ainda será mais humana, pois o contrário é caminhar para a destruição.

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  5. Eu não acredito em revolução, mas na evolução...

    Sobre Che Guevara, ele foi um sanguinário, e seu unico grande feito foi retirar um ditador adorado pelo governo ianque(Fulgencio Batista) e substituí-lo por um odiado(Fidel)...

    A revolução não nos leva a nada, senão a abolição de dogmas,

    é, eu acho que é só isso...

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